quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Eu Preciso De Mim

Nesta noite que sempre foi dia, finalmente eu consegui chorar,
Mas não foi por tristeza ou desespero.
Foi um choro de dor.
Lágrimas rolaram devagar, enquanto meus olhos vagueavam pelo mundo
Que tanto almejei.
Chorei pelas mentiras que me disseram para me deixar feliz,
E agradeço por isso.
Chorei também pelas omissões de factos
Que poderiam ter destruído os meus sonhos.
E depois chorei mais ainda por perceber que eu teria preferido
A verdade, mesmo cortante, como uma faca das mais afiadas,
Do que essa dor que me rasga o peito ferindo minha alma.
Chorei pelos amigos que não estão mais aqui,
Pensando se eu me deveria ter dedicado mais a eles...
Abraçado mais...
Beijado e deixado claro o quanto eu os amava.
Mas o tempo é ingrato e a morte chega para cumprir o seu papel,
Sem pedir licença, sem bater na porta.
Ela chega e leva quem tu amas,
Junto com um pedaço teu e da tua história.
Chorei pelo meu amor, imaginando como seria o futuro.
Chorei pela saudade que dói e pelo carinho que conforta.
Pelos olhares carinhosos e compreensivos,
Contrastando com o desejo latente e urgente.
Pensei em chorar pelo mundo e suas maldades.
Chorar pela falta de esperança das crianças e o esquecimento dos idosos.
Pelas guerras e intolerâncias.
Pela fome, sede, e ódio irracional do ser humano racional.
Mas não chorei, porque hoje, o choro é meu, exclusivamente meu,
Porque preciso chorar.
E então chorei pelo meu egoísmo.
O mundo lá fora já chorava por ele mesmo,
Lançando as suas lágrimas contra a janela de vidro.
O mundo não precisa de mim hoje, mas eu sim.
Eu preciso desta minha dor sem censuras.

Eu preciso de mim.
E de ti.