sexta-feira, 24 de abril de 2009

Perdido Na Vida

Só nesta imênsa e triste solidão
Lancei um olhar para minha vida
Vi distante, no fundo do coração
Uma sombra errante ali perdida

Não conseguia ver quem era a sombra
Mas sabia bem, ser uma sombra querida
De alguém que até hoje me assombra
E que da minha vida está à tempos perdida

Tentei ver teu rosto, mas tudo foi em vão
Minha vista então tristemente se turvou
Por saber que no meu solitário coração
Esta a viver ainda quem ele tanto amou

Pena que não posso trazer de novo o corpo
Que esta sombra de lembrança projectou
Pois dentro da distancia esta agora morto
O sonho de alguém que tanto te amou

Vida sem Vida

Por onde se perdeu a minha vida?
Em que esquina tropecei na minha sina?
Que derrocada deixou-me tão derrotado?
Que passo em falso atirou-me ao cadafalso?

Sou um fantasma que trafega com o vento;
Um leve sopro e ancoro-me em qualquer tempo,
Se vier mais forte, o suporte rebenta
E a poeira do meu rasto se incendeia,
E abrasa, levando-me à cegueira.
Por que de mim a vida se perdeu?
Pergunta infértil que não leva a nada,
Visto que a resposta sou eu...
E o silêncio que me inunda se aprofunda
Na essência congelada
Retratada em meu ser, que sem saber,
Sem se conter, quer responder...

Poderia ter sido feliz, mas não quis.
Sem qualquer explicação, de tudo me desfiz.
Sonhos que gerei e que não lutei
Ou tardiamente procurei...
E já não tinham mais razão de ser.
Amor que imortalizei, mera ilusão...
Versos que materializei, inspiração,
Espatifados no mais alto patamar,
Onde a poesia conjuga o verbo amar;
Que desprezei, e não o soube conjugar...
E não me amei, nem me deixei amar.

Sou corpo sem abrigo,
Espectro sem jazigo,
Alma a vaguear...
Que ainda ousa a hipotese
Da luz de um novo dia,
Virar a página e resgatar a vida,
Ir ao encalço da esperança perdida,
Sepultar a vã filosofia,
Deixar de morrer a cada dia
E a cada amanhecer
Dançar a dança do saber viver.
E sobreviver...
Louvando a graça recebida!

E na próxima esquina, ainda espero,
Esbarrar-me com o novo...
Recomeçar do zero!

Palhaço Perdido

Sou a vitima
De mim mesmo
Das minhas acções
Das minhas palavras…
Sou eu… quem sofre
Por fazer ou ter
As acções mais infundadas
Por escrever ou dizer
As palavras inacabadas…

Sofro e choro em silêncio!

Sou um construtor em grande escala
De um mundo que não existe
Sou um sonhador em erosão
Dos momentos impossíveis
Sou a pessoa
Que se veste de culpa
E se despe da realidade
Sou o monstro mentira
Sou o palhaço verdade
Sou a ira
Sou a lágrima
Sou o sorriso
Sou o destino perdido…
Que nunca será encontrado!

Vivo e morro tão solitário!

Vitima da sociedade
Prisioneiro dos sentimentos
Sou o que não pareço
Um sentido
Uma emoção
Sou a ilusão
Um palhaço perdido
Sou a luz
Do meu coração…

Sou o palhaço solitário que vive perdido…
Escondido…
Vida porque me magoas?
Tão profundamente
Com as tuas facas afiadas
No meu peito
Que derrama tristeza,
Nos meus olhos inundados de dor.
Abandona-me vida
Como uma rosa despida
Lentamente no calor de um amor
Acabado sem cor,
E deixa-me parar,
Descansar por um só instante,
Desta dor que me trespassa
E consome interiormente.
Vida que uns consolas
Atraiçoas-me e gritaa
Inocentemente a cada olhar
Sempre que num raio de sol
Relembro do teu olhar.
Vida porque me magoas?...
Vida porque não me abandonas?...
Tanto te quis, em vão,
Tanto te esperei, te chamei e não viestes.
Foi tanta a demora que nosso tempo se esgotou.
Chegou a hora do adeus.
Que os amigos se separem,
Que toda a esperança se desfaça,
Que todos os sonhos se desmanchem,
Que todos os nós se façam na garganta,
Que toda a tristeza do mundo corte, bem fundo,
Que toda a saudade se faça irremediável,
Que todo o chorar se torne inconsolável.



Tanto te quis, em vão,
Tanto te esperei, te chamei e não viestes.
Foi tanta a demora que nosso tempo se esgotou.
Que teus olhos se fechem na minha alma,
Que tua voz se torne muda aos meus ouvidos,
Que teu nome se cale na minha boca,
Adeus.


Se eu conseguir esquecer-te....
É pensamento de agora
Ir-me embora
Talvez à nora
Pela estrada fora.

Quem me espera?
Em novos caminhos
Com cada lembrança
Dum amor que já era,
Saudosos carinhos
E lágrimas de esperança.

Fujo de recordações
Duma longa história
Ai, medo de sofrer!...
Talvez outras paixões
Me adormeçam a memória
Para te poder esquecer.

Talvez passe depressa
Nesta vida tão breve,
O amor que não regressa,
Penso nele, a vaguear,
Até que alguém me leve
Ou eu pare de sonhar.

Para Os Amigos

Mas se ainda mal o dia começou
Como sinto a claridade no meu rosto?
Será sol à meia noite? Um fogo posto?
Uma estrela cintilante que passou?

Se ainda agora me deitei como é que sinto
Como se o mundo em suas mãos me sustentasse?
Como se ao cimo deste céu ele me levasse?
Lá ao alto, bem para lá do infinito?

São abraços, sei que são tão doces laços
Que se estreitam, que jamais deixam cair
São amigos que ao dar e repartir
Fazem a dor se diluir em mil pedaços

E nesta hora que se fez tão especial
De uma forma tão gentil, tão confortante
Gostaria de dizer que em cada instante
Vos desejo esta alegria sem igual

Luta

Estou fatalmente ferido
Depois de uma luta intensa
Posso não estar perdido
Mas será que isso compensa?

Guerreiro, posso ter sido
Mas o mal está enterrado
No fundo do meu peito
Mesmo depois do meu plano perfeito
De enterrar o meu coração

Já nem sei se tenho razão
Muitas vezes, acho os problemas tão insignificantes
Tão iguais aos dos outros
Mas no entanto são tão sufocantes
E corroem-me tanto por dentro
Que já nem sei se estou só a ser estúpido
Ou a tornar-me no perdido

Já não acredito, Já desprezo
O mito do amor
Que não é mais que um peso
E a razão da mais terrível dor

Lutar? Pois que outra escolha terei?
Se não lutar sucumbirei
E mais vale morrer a lutar
Do que morrer a chorar
Espero a hora da tua chegada
Mas o relógio bate horas erradas
Deixo cair uma lágrima incerta
Na certeza da tua ausência
Chamo por ti na escuridão
Mas os meus gritos são mudos.
Entrego-me a ti
Mas sofro um abandono imcompreensível
Sonho com um sorriso
Que outrora me fez feliz
Anseio por um olhar
Que no passado me dizia "Amo-te" em cada pestanejar
Desejo o teu toque
Que me elevava ao limite da vida e da morte
Mas tu não vens...
Olho o horizonte em busca de um sinal
De uma sombra
Um rasto
Algo que te pertença
Mas depressa entendo
Que não virás
Pois o coração que antes me pertencia
Partiu
E já não volta atrás...
E no mais pesado desespero
Desejo
Não ter de te dedicar este poema...