terça-feira, 28 de abril de 2009

Amor Karmico

Os caminhos haviam sido separados
De vida a vida
Nada mais que recordações
De momentos passados
Nos dias que não são
E nas noites que não chegam a ser
Dormem essas almas inquietas
Ate o dia amanhecer
Espero algures entre elas
Sem coragem para procurar
Tenho medo de não te ver
E saber que preciso de te encontrar
Talvez volte a nascer noutra pele
Sitio, corpo, sei lá
Esta estúpida lei do karma
Que nos une e separará
Espero com paciência e calma
Em caminhos que conhece a alma
São palavras vãs e loucas
De teus belos lábios
E de tão sabias bocas

Anseio Morrer

Observando esta chama que consome o dia,
Em luz pálida que se confunde com aurora,
Desperta em mim a saudade e então
O desejo de estar morto revigora.

De conformismos leva-se a vida adiante
Embora não ouse assim denominar esta existência,
Vida, mas que é esta vida ?
Apenas palavras ternas em desalento junto às criptas,
Nos passeios nocturnos de flores e lágrimas recolhidas.

Em aflitas súplicas surdas pois não podes atender-me,
Incerto é rumo que levo quando caminho já no escuro
Repousando em pedra fria junto ao teu leito.
Na sinfonia de incontáveis lamentos de espectros
E criaturas indômitas em sombras e variadas tristezas.

Que desabe a noite em amor declamado,
Diante de profanas fogueiras de paixão,
Turve minha vista,entorpeça meu coração e sangue amargo não corra,
Para que então encontre a paz repousando n`algum caixão.

Sem Mim

Hoje sinto-me sem mim
Sinto-me absolutamente só
Espanta– me tanto vazio
Tanta falta de ser e de viver
Os círculos que desenho
Os círculos que me aprisionam a alma
Os círculos que insisto em reviver...
Dói– me...
Dói– me o último sopro...
Dói– me o prenúncio...
Esta coisa de ficar torto no meu canto(...)
Esta coisa de ultrapassar todo entendimento (...)
Esta coisa de trilhar um caminho único (...)
Aprisiono– me a cada ir, a cada vir, a cada permanecer
Aprisiono– me num existir sem porquê...
Aprisiono– me num corpo que já há tempos deveria ir...
Sou sem ser e vivo sem viver
Se rio, não por ser feliz...
Se choro, não por ser infeliz...
Automático...É isso que me tornei...
Um dia após o outro...Cada um muito igual...Quase sempre...
Uma árvore, não é árvore se não tem folhas, se não tem frutos...
Um mar, não é mar se não tem areia, se não tem frutos...
E uma lua, viventes, não é lua se não tem amantes a para a adorar...
O que é um humano sem razão...Se não um morto andante...
O que é um humano sem razão...Se não um ser sem necessidade...
Além de só em si...Inútil à humanidade...
Além de só em si...Sem necessidade...
Se há mais de um existir, seguramente já me cansam as andanças...
E maior presente não haveria se não o direito de interromper toda esta caminhada...
Este relato de idas e vindas passadas, uma alma envelhecida e acabada...
Já não serve para isto aqui...
Nem sabedoria, nem ingenuidade...
Apenas cansaço...Apenas cicatrizes...
Nem mansidão, nem impetuosidade...
Apenas resignação...
A cada amanhancer imploro que seja o último...
E a cada anoitecer imploro que não venha o seguinte...
Absoluta impotência...
Absoluta falta de escolha...
Absoluto endividamento espiritual...
Talvez sim, talvez espiritual...
Porque de sentimento já nem ouso falar...
Esse sentimento que se emaranha e se definha...
E se essa tal de aura é algo que alguém possa ver...Possa sonhar...Possa imaginar...
Acho que é uma velinha no fim da noite fria...Quase invisível....
Quase inexistente...
Apenas à espera de um sopro misericordioso de algo ou alguém bondoso...
Adeus...Talvez seja quase um ainda Adeus...Timido e torto no seu canto.

No Dia Da Minha Morte

No dia da minha morte
Nada de novo.
Não haverá respostas,
Não haverá lamentos
(E se os houver, qual a diferença neles!)
Não haverá nada,
Nada que não agora.

Cessarei de existir?
Talvez, se existo,
Ou talvez não, ainda que exista,
Ou talvez sim ou não
Por nunca ter existido.
Talvez seja a mudança,
Talvez seja a continuação,
Talvez seja o final de algo com ou sem início,
Talvez não seja nada.

A morte.
Reflexo último da doença da preocupação,
Da impossibilidade intrínseca de nos provar existentes,
Inerente á nossa afirmada existência,
Do medo do nomeado desconhecido
(Por nós que tudo desconhecemos).

No dia da minha morte...
No vosso dia da minha morte.
Sim, vosso, porque dele farão o que quiserem,
No dia em que nada poderei fazer de mim.
O meu dia que não é meu,
Da minha morte que não é minha,
Da minha existência que não conheço,
Da minha realidade tangencial.

E o momento único e singular
Do terminar de tudo o que tem nome,
Da morte das palavras opressores,
Do fim de toda a reflexão sobre a reflexão,
Do término do terreno em mim se sou terreno,
Ou do divino e eterno se assim sou

Depois?
Depois não sei! Talvez mais nada.

E que seja tudo, o que importa?