terça-feira, 28 de abril de 2009

Sem Mim

Hoje sinto-me sem mim
Sinto-me absolutamente só
Espanta– me tanto vazio
Tanta falta de ser e de viver
Os círculos que desenho
Os círculos que me aprisionam a alma
Os círculos que insisto em reviver...
Dói– me...
Dói– me o último sopro...
Dói– me o prenúncio...
Esta coisa de ficar torto no meu canto(...)
Esta coisa de ultrapassar todo entendimento (...)
Esta coisa de trilhar um caminho único (...)
Aprisiono– me a cada ir, a cada vir, a cada permanecer
Aprisiono– me num existir sem porquê...
Aprisiono– me num corpo que já há tempos deveria ir...
Sou sem ser e vivo sem viver
Se rio, não por ser feliz...
Se choro, não por ser infeliz...
Automático...É isso que me tornei...
Um dia após o outro...Cada um muito igual...Quase sempre...
Uma árvore, não é árvore se não tem folhas, se não tem frutos...
Um mar, não é mar se não tem areia, se não tem frutos...
E uma lua, viventes, não é lua se não tem amantes a para a adorar...
O que é um humano sem razão...Se não um morto andante...
O que é um humano sem razão...Se não um ser sem necessidade...
Além de só em si...Inútil à humanidade...
Além de só em si...Sem necessidade...
Se há mais de um existir, seguramente já me cansam as andanças...
E maior presente não haveria se não o direito de interromper toda esta caminhada...
Este relato de idas e vindas passadas, uma alma envelhecida e acabada...
Já não serve para isto aqui...
Nem sabedoria, nem ingenuidade...
Apenas cansaço...Apenas cicatrizes...
Nem mansidão, nem impetuosidade...
Apenas resignação...
A cada amanhancer imploro que seja o último...
E a cada anoitecer imploro que não venha o seguinte...
Absoluta impotência...
Absoluta falta de escolha...
Absoluto endividamento espiritual...
Talvez sim, talvez espiritual...
Porque de sentimento já nem ouso falar...
Esse sentimento que se emaranha e se definha...
E se essa tal de aura é algo que alguém possa ver...Possa sonhar...Possa imaginar...
Acho que é uma velinha no fim da noite fria...Quase invisível....
Quase inexistente...
Apenas à espera de um sopro misericordioso de algo ou alguém bondoso...
Adeus...Talvez seja quase um ainda Adeus...Timido e torto no seu canto.

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