quarta-feira, 10 de junho de 2009

Carta de Despedida

Quero dormir, mas o sono não vem.
Vejo-me aqui perdido por entre pesadelos quase inertes, que o tempo não cura.
Pensei que te amava, que eras o meu mundo, parte da minha vida, mas apenas encontrei dor , mágoa.
Pensei ser parte de algo, maior do que eu...
Mas não era a ti que procurava.
Pensei que teu olhar me hipnotizava, mas não eram os teus olhos que via.
Que teu sorriso me incendiava, mas não era o teu fogo que buscava.
Queria que fosses o meu amor perdido, aquela que amei sem barreiras e que de alguma forma também me amou...
Mas não és o sonho que me fugiu, não és aquela que terminou minha vida.
As recordações teimam em permanecer dentro de mim, como ondas de desespero e saudade...
Tu já não pertences mais ao meu mundo... és do mundo dos outros... mas só consigo pensar em ti.
Tiras-me o sono, tiras-me a vida...
Ficando apenas este vazio, dentro de mim... restando apenas cinzas, restos de uma sobrevivência que já nem sinto.
Restos de um tormento, que não quer passar.
Preciso de ti, preciso tanto de ti, que quase me esqueço de quem sou, e fico para aqui moribundo, deixado ao acaso. ~
Quero morrer em ti... Adormecer no teu sono e nunca mais acordar.

O Suícidio

Chagas internas fecundam o suicídio
E a dor de não querer mais é o desespero
Olha-se em volta num raio solitário
E tudo o que se lamenta é o que nos rodeia
E tudo em nada se baseia.

Se este mundo é imperfeito
Nunca é plena a felicidade
E se o espírito é fraco
Há que punir o corpo sem piedade.

Não se consegue olhar em frente
Se o desgosto, é de tudo saber a pouco
Não se suporta o sangrar da mente
Quando o coração pára de sonhar num acto súbito.

"UNKNOWN"

A PRIMEIRA VEZ QUE MORRI

Novamente tomo o meu café da manhã
Nas xícaras sujas de ontem eu tomo
Sozinho sem acompanhamento
Num compasso lento, leso

Ainda atordoado de ontem
Meio confuso, meio sem rumo
As palavras que ouvi ainda gritam no ouvido
O choro, meu martírio, vem novamente

Ainda ouço a tua voz a dizer
Como se ontem ainda fosse
Que não há mais amor
O teu grito calou o calado clamor ao ouvir

Dentro de mim tudo gritava
Fora de mim nem um ruído se escutava
Triste sonido furtava minha alma
Injectava-me a dor

Um adeus que me deixas-te ao partir
Ultima visão que tive de ti
Ultima vez que raiva senti
A primeira vez que morri.

Sem Ti (morte do eu)

Eu conheço um lugar,
Onde gostava de estar contigo,
És o meu abrigo.

Subir e descer montanhas,
Resistir em desertos,
Sair de caminhos incertos.

Se eu desaparecer,
Não me leves a mal,
Se eu me sentir um falhanço total,
Ajuda-me.

Eu vou precisar de ti,
Eu nada sei nada aprendi,
Nunca consegui ser o que eu quero,
Será que para apagar tantos erros,
Terei que me apagar também,
Sem dizer adeus a ninguém.

TRISTES NOITES SEM TI!

Sentado na minha cama,
Olho pela janela...
Vejo a lua distante
Com o seu brilho triste,
Pálido, amarelecido,
Parece estar saudosa de ti...

Será que ela
Sente a tua ausência,
Será que ela sente saudades
Da tua voz suave
Cantando ao luar?

A brisa suave
Que agita as cortinas
Recorda carinhos,
Suaves caricias feitas por ti!

As nuvens plúmbeas
Ao longe,
Parecem os meus olhos
Marejados das lágrimas
Que choro por ti!

Ah! Que noite tão triste,
Como tristes
São todas as noites
Que passo sem ti!

Cala-te

Cala-te,
Não me digas que a noite
É quente e que cheira a mar.
Não me faças lembrar
Que é Verão
Que as estrelas brilham
E a lua suspira
Por uma paixão.

Deixa o meu desejo adormecido
Na aparente calma
Desta alma longínqua
Embalada pela recordação
Das noites de ontem
Quando também era Verão.

Não soltes o despertar
Dos teus lábios
Nem o silêncio da tua mão
Perdidos,
No nascer dum novo dia.

Embala-me antes
Com o som da tua voz
E com um terno suspiro
De saudade
Onde a distância entre nós
Não existe na verdade.

Deixa-me dormir
Minha Querida,
Vou sonhar contigo...

"Alma Nua"

Círculos do tempo

Sempre fui eu que te perdi
Nas memórias do tempo
Dentro dum tempo que foi nosso
Nos círculos que percorri
Dentro e fora de mim
Por ti, só por ti.

Verdades eternas
Escritas em momentos,
Inabaláveis valores,
Mais fortes
Que todos os pensamentos
Sem sombras malditas
Apesar de tantos tormentos.

Sozinho em tempos perdidos,
Partilhados com ausências tuas,
Mas tão meus como os soluços
Tantas vezes contidos,
Acreditava nessas verdades
Do mesmo modo que acreditava
Nesses amores não correspondidos.

Paragens e recomeços de vida
Numa verdade tão natural
Como a água caída
Nas folhas verdes da manhã
Após a partida
Da gélida noite.

O último amanhecer despontou
Pleno de sol, real e sonhado,
Verdadeiro no peito de quem amou
Confiante e sem segredo
Alicerçado na vontade que o tempo
Cavou.

Enganando a Verdade
Estava grávido de Mentira
Esse amanhecer de maldade
E de cobardia
Que num só momento
Nesse dia
Todo o meu amor
Matou
E só o Nada ficou.

No circulo mais externo do nosso tempo
(Aquele que foi o fim)
Não fui eu que te perdi
Foste tu
A perder-me a mim…

Entre o ódio e o amor

Pode até ser que entre o amor e o ódio
Exista só um ínfimo espaço
Neutro, amorfo, indiferente,
Sem ternura nem mágoa
Sem gritos nem silêncios
Sem passado, sem futuro
Nem sequer presente.

Equilibro-me nesse ponto
Sem alegria nem dor
Sem lágrimas nem risos
Sem vida nem morte
Sem fatalidade nem sorte.

Sobrevivo
Entre a mentira e a verdade
Do que foi e do que poderia
Ter sido,
Não fosse a mente do homem
Um jogo complexo
Como um vulgar puzzle
Que não encaixa,
Portanto,
Sem nexo.

Entre o amor e o ódio
Nada morreu nem nasceu
Descobri esse ponto
Onde permaneço eu.

Incidência do amor

Preso estou neste insano momento
Sem entradas, sem saídas
Hoje não sei o que eu quero.
Meu ser contempla o talento
Evito guerras perdidas
Vencer é tudo o que eu espero.

Tarde demais pra mim é lembrete
E o tempo é o senhor do inverno
Sucinto a pressa agora aqui?
Amigos que trago e este banquete
Armas tenho contra o inferno,
Careço medo daquilo ali?

Contentamento tenho um pouco
Algo pede o coração
Porem não sei o que lhe dar.
Talvez queira ter repouso?
Será que teve uma alusão? (a morte)
Em terra irei continuar? (minha jornada)

De repente tudo se altera
Num simples bater de asas
De uma linda borboleta,
Do nada penso na quimera
Meus olhos brilham em brasas
Reconheço a minha Julieta.

A viver a dois

Morre,
Morre em mim,
Descobre
No meu corpo
O teu único
Jardim,


Morre,
Morre
No meu ser,
A violência da vida,
Em nós
Deixa de haver,


Vive,
Vive por dentro
De nós,
Somos dois
Apenas dois
Vivendo a sós,


Vive,
Vive na minha mão,
Tu iluminas o meu
Caminho
Eu faço viver
O teu coração.

Uma longa caminhada

Se
Num leve beijo
Se apaga
O teu desejo,
Fico desiludido
Pois
Nada se planta
Em nós,


Este sentimento
Calou-me a voz
E sem ele
Sou
Nada,


Se numa
Brisa
Te sentir,
Faço-me á estrada
Pois sei
Que há-de vir
O inicio
De uma longa
Caminhada.