quarta-feira, 8 de julho de 2009

Retalhos de mim

Que retalhos trago na alma?
Com que pedaços
Eu me construí?
Quais foram os laços,
Os beijos, embaraços,
Que fizeram dos meus traços,
Um remendo tão mau?

Com que sobras emendei meu destino?
Onde encontrei esses trapos empoeirados?
Do linho desbotado;
Nos velhos panos descosturados;
Onde o tempo deixou seu rasto;
Um buraco imenso no espaço;
Um espaço imenso dentro de mim.

De quantas costuras sobrevive um coração?
Feito não de carne, mas sim de algodão?
Quantos pontos até que se firme o botão;
Que prende o segredo de um corpo em pedaços;
Que esconde da seda dos doces abraços;
A miséria da trama que causa repulsão;
O frágil amuleto da minha podridão.

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