domingo, 25 de outubro de 2009

Morte Anunciada

Não sei se conseguirei terminar estes versos;
O veneno letal já está na minha corrente sanguínea,
Este é o meu fim – a minha morte é certa!
Quando estes caracteres forem encontrados,
Há muito terei partido e não estarei entre vós;
Já passava das três da madrugada,
A solidão da noite e a insônia eram as minhas únicas companhias;
A garrafa de whisky estava vazia e os meus cigarros tinham acabado,
A melancolia já tinha chegado ao extremo!
Peguei no frasco com veneno que jazia sobre a cômoda;
Sentei-me na cama olhando-o fixamente,
Hesitei, embora tivesse ímpetos de tomá-lo;
Levantei-me e comecei a andar de um lado para o outro,
Tentava encontrar alguma razão que,
Impedisse de por fim à minha própria vida;
Abri a janela do quarto e olhei para o céu,
Era uma madrugada de inverno e eu sentia a brisa gelada.
Bater suavemente no meu rosto,
Aquela brisa fria trazia-me lembranças;
Lembranças do tempo em que eu era feliz,
De quando eu gostava de viver e amava a vida;
Pensei na minha família, amigos e amantes.
Como eles sofreriam por causa desta decisão que eu tomara,
Nem mesmo eu sei explicar tal atitude;
O que leva alguém a destruir um bem tão precioso?
Dado de presente por Deus e por nossas mães;
Fechei a janela com muito cuidado, não queria acordar ninguém na casa,
Dirigi-me até o quarto onde os meus pais dormiam, disse adeus e pedi perdão;
Fui até o quarto onde a minha irmã dormia, disse adeus e pedi perdão,
Voltei novamente para o meu quarto.
Pensei em cortar os pulsos com a lâmina de barbear!
Mas não tinha paciência de ver, e esperar o meu sangue resvalar na cama,
Também pensei em estourar os meus miólos com o revólver do meu pai;
Mas não queria alarmar ninguém, tão pouco desfigurar o corpo para o velório,
Pensei em enrolar uma corda no pescoço e pular da janela;
Mas não queria ser o centro das atenções para quem passasse na rua,
Peguei outra vez no frasco de veneno, sentei-me na cama e hesitei por alguns instantes;
Eu ouvia minha consciência suplicar, implorar para que eu não fizesse isto,
Mas eu estava muito amargo e cheio de ódio para continuar a viver;
Com um trago, o frasco já estava vazio,
Deitei-me na cama e cobri meu corpo com uma manta negra;
E aqui fiquei aguardando a morte pacientemente!


Assim chega o fim do sofrimento:
Não é a mim que pretendo matar mas sim esta dor que me consome a alma...
I hate myself that I want to die

1 comentário:

Vampira Dea disse...

Vc deixa o leitor sem fôlego!